Seus olhos são tristes.. mesmo quando você ri.

O melhor remédio para os amedrontados, solitários ou infelizes é sair, 

ir a um local onde possam ficar a sós, com o céu, a natureza e Deus.

(Quarta-feira, 23 de fevereiro de 1944 - O Diário de Anne Frank)

Oi. Deixei quase um ano da minha vida passar em branco. Deixei se passar quase um ano vazio e não adianta escrever aqui tudo que aconteceu pra não cair no esquecimento daqui há alguns anos, pois me pergunto se quem já não caiu no esquecimento foi eu. Aquela menina irreverente, que sempre posicionava sua opinião, alegre, admirada pelas pessoas, popular; aquela garota que tinha tantos amigos que nem dava conta de dar atenção à todos, que amava e era amada... aquela garota não existe mais. Antes tinha medo que alguém pegasse seu "diário" e lesse seus sentimentos, dramas e vontades mais ocultas hoje tem apenas medo de que leiam e tenham pena de tamanha confusão e sofrimento que sente. Minha vida mudou, querendo ou não. Mas não consigo e acho que nunca conseguirei entender porque as pessoas crescem e substituem amor e carinho por frieza e preocupação com coisas superficiais. Enorme é a tristeza que sinto por olhar para todos os lados e todos os lugares e ver as pessoas desistindo facilmente das coisas que desejam e substituindo tudo tão rápido. Sem contar que o contato humando se ACABOU. Nada de descer a rua e ir à casa de um amigo ou de abraçar a namorada para aliviá-la pelas coisas que a angustiam. Hoje em dia a moda virou indireta e agressão verbal pela internet, gostar de pessoas que moram longe e reclamar de quem está por perto. A moda é pegar o gatinho na balada e nem se esforçar para ajudar um amigo. A moda é aceitar o que vem fácil por questão de comodismo e preguiça para se esforçar em manter tradições e velhos conhecidos. A moda é prometer mundos e fundos e quando o sorriso acaba, ir embora como se isso fosse natural. Falta caráter! É isso que está acontecendo. Crescer, trabalhar, ganhar responsabilidades e não ter tempo nem pra comer e dormir não é chato. Chato é se esquecer dos verdadeiros valores que deveriam importar. E eu me esqueci. E isso é tão triste e desesperador. Nesse tempo que fiquei sem postar, além de não ter tempo pra isso também não tive vontade. Assim como não tive vontade de manter meus amigos ou de me esforçar pra se aproximar da minha família. E assim me afastei, de tudo e de todos. Mas ganhei uma nova realidade. faculdade, popularidade, dramas amorosos, carinhas de balada, emprego, responsabilidade, novas amizades, outros lugares pra se frequentar. Outra realidade, e ao mesmo tempo, tão parecida com a antiga. Mudei meu jeito de se vestir, as músicas que escuto, comecei a me maquiar, mudei os programas e filmes que assisto, as pessoas com as quais ando. E sinceramente? Não gosto quase nada disso. É tudo tão igual à antes, mas não é o lugar aonde pertenço. As pessoas não me conhecem e a todo instante me interpretam de maneira errônea, as pessoas me admiram e gostam da minha presença, mas eu não me importo com elas, porque as coisas que me aconteceram me fizeram acreditar fervorosamente que tudo é passageiro e que se apegar só vai causar sofrimento no futuro. As pessoas não se abraçam, não dão beijos inesperados no rosto dos amigos, não se olham nos olhos, não falam "sonhei com você, teu perfume tem cheiro bom, lembrei de você ontem" e só eu e Deus sabemos como eu sinto falta disso. Eu, Deus e as pessoas que se sentem de forma parecida. Cadê as tardes de domingo na praça? Cadê as noites de sexta no cinema? E os sábados avulsos comendo miojo e jogando videogame? Agora é tudo rolê: sair, dançar e sorrir com pessoas que não notam sua superficialidade e sequer sabem sua cor favorita. E todas essas decepções e falta de apontamento para a direção certa me tornaram uma dessas pessoas. Não sei como me perdi. Se foi nas brigas (com direito a facas, socos e sangue) dos meus pais. Não sei se me tornei assim por perder o interesse na igreja, na verdade.. não sei nem como e quando minha fé se perdeu. Na verdade, não sei porque parei de sorrir e deixei olhos tristes substituírem os meus tão brilhantes... não sei se me perdi ou se nunca me encontrei. Só sei que foram fatos que ocorreram e me transformaram em alguém triste, desnorteado. Alguém que se afastou do que te faz bem porque se pune por receber tanto amor mesmo que ache que não mereça. E em certos dias, noto isso com maior intensidade e profunda tristeza e desespero me invadem. Eu quero lutar contra isso, mas não sei por onde começar. São tantas mágoas para curar, tantos pecados pra se arrepender e esperar pelo perdão... tanta coisa pra de novo aprender a amar. Tantos erros pra consertar. Ou talvez, somente começar tudo de novo e mais uma vez.. reinventar. Talvez! Prometi pra mim que faria dar certo. Tenho amigos que mesmo no meio disso tudo eu consegui manter... e vou me esforçar para que continue assim. Cresci e ainda estou amadurecendo. Mudei de ambiente e "de pessoas", mas mesmo estando tão perdida e diferente, sei que ainda continuo igual. Uma boba apaixonada pela vida, totalmente sem noção, acreditando em vida como nos livros, que pouco se expressa mas sente e ama de forma infinita e grandiosa; ah, e claro.. que vergonhosamente (pois não assume nem para si mesma) acha que tem o dom de servir de inspiração e que pode mudar as pessoas ao seu redor. Além de inteligente, carismática e outras coisas que as pessoas dizem... Dizem que o amor nunca morre. Pra mim, isso serve para a esperança também. E eu vou fazer o impossível do possível pra voltar a ser assim, mudar as pessoas ao meu redor e focar nos estudos e trabalho da forma que sempre fiz. Vou achar minha fé na mesma esquina escura em que a perdi. Que tenha ao meu redor pessoas que passem estabilidade e confiança, e que acima de TUDO suportem tamanha carga emocional. Nada de se iludir com o mundo, mas assim como antes, não deixar de aproveitá-lo por isso. Então.. não são planos para 2013, é apenas eu mesma me lembrando daquilo que prometi pra mim mesma e pra Deus, pros meus 18 anos e pra essa fase da minha vida que começou turbulenta, mas que aos poucos vai sendo acolhida, acomodada, aceitada e ajustada com doces toques de antigas tradições do meu forte caráter.

Que venham mais sorrisos,

e que sejam verdadeiros!

sem mais' (: